Volei Falado: Treinador desempregado ou reformado?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

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Há uns tempos atrás, diria mais há uns anos, um blog dedicado ao desporto efectuou-me uma entrevista ao qual na altura e talvez sem grande tempo para dar respostas mais satisfatórias, as mesmas eram curtas. Contudo a entrevista em si, teve o efeito que o autor do blog queria.

Hoje, relembrando e derivado a uma pesquisa no meu vasto arquivo, eis que dei de caras com a dita entrevista e hoje, com mais tempo livre, eis que resolvi refazer essa entrevista, e adicionando respostas mais atractivas e melhoradas sobre alguns dos temas, que em minha opinião trazem boas recordações de 20 anos dedicados ao voleibol.

Eis que partilho agora a dita entrevista, com outras respostas, claro!!!


Como começou a tua carreira no voleibol?

A minha carreira, começou a bem dizer, quando durante as férias de verão, ao passear em Espinho, perto da praia da Baía, observei um grupo de atletas a praticarem voleibol na areia. Na altura achei estranho, pois apenas conhecia o voleibol de pavilhão e de praia, a única coisa que conhecia ou pelo menos ouvia falar eram das duplas americanas e brasileiras.

Por cá, desconhecia completamente. Nessa altura pode constatar que no grupo daqueles atletas encontravam-se nomes do nosso voleibol, os conceituados Miguel Maia, João Brenha, faziam parte desse grupo e além deles outros nomes conceituados que competiam no nosso campeonato nacional.

Penso que hoje, foi ai que comecei a gostar do voleibol.


Quais foram os teus primeiros passos na modalidade?

Bom, longe vão os tempos. Na altura entrei em algumas etapas do circuito nacional, embora que sem passar muitas vezes no quadro principal, pois eu e o meu parceiro na altura éramos atletas de outra modalidade, o futebol, e apenas entrávamos nas etapas como uma espécie de descontracção do campeonato nacional de futebol. Ainda passados quase tantos anos ainda recorda do primeiro jogo que consegui entrar no quadro em que defrontamos essa grande dupla, Maia/Brenha, ao qual o resultado ainda na memória foi de um duplo 15-0, onde o Miguel apenas serviu em exclusivo no meu parceiro, que azarento na recepção e com o serviço forte do Miguel nada conseguiu fazer. A partir dai, comecei a gostar e depois duma lesão contraída no futebol resolvi apostar no voleibol.


Há quantos anos estás no voleibol e o que fizeste?

Xi, boa, essa foi de mauzinho. Realmente já fiz de tudo nestes 20 anos de carreira ou como costumo dizer, 20 anos de dedicação a uma modalidade.

Durante estes anos todos fiz de tudo, fui atleta (representei já senior, o Custóias FC e o Castêlo da Maia GC (B)), fui treinador (Leixões SC, Castêlo da Maia GC, Senhora da Hora SC, Custóias FC e outros), fui director, comecei no Castêlo da Maia GC, depois estive como parte directiva do Clube Praia Volley de Gaia a convite do meu amigo Alexandre Azevedo. Já fui árbitro, cheguei a árbitro regional pela Associação de Voleibol do Porto. Em todos estes anos diria que fiz de tudo um pouco.


Ao longo destes anos fascinou-te uma paixão, a Internet, como aconteceu?

Realmente a internet é uma das minhas paixões, diria mesmo, que sou um “tótó” no que diz respeito ao mundo cibernauta. A paixão começou quando efectuava um trabalho para um vizinho sobre voleibol e do pouco conhecimento que tinha fiquei parvo, quando através da internet pouco ou quase nada se sabia sobre um dos clubes com tradições no voleibol português, o Leixões SC. E mesmo tendo o clube um site oficial, o mesmo não tinha quase informação nenhuma. Na altura pesquisei há moda antiga, recorrendo a revistas, jornais, e até procurando na secção do clube algumas informações. Comecei mesmo a acompanhar o clube, tirando fotos, fazendo entrevistas e após quase 6 meses a pesquisar (fazia-o no meu tempo livre), eis que alguém me aconselhou fazer um blog sobre a modalidade e a secção do voleibol do Leixões. Além disso, e a página na qual ainda continuo a actualizar, criei uma página dedicada apenas ao voleibol de praia, que tem sido aquela que tem feito espelhar o nosso voleibol de praia e os artistas que neles participam, sendo também aquela dita página a que em minha opinião fez divulgar a modalidade.


Durante estes anos foste “armazenando” muita informação?

Sim, realmente analisando agora o que já recolhi, tenho bastante informação, que vai desde muita coisa. Jogos do campeonato nacional indoor e de praia, das selecções nacionais, torneios do world tour, da world league, torneios amadores, e existem várias situações, desde vídeos, fotos, entrevistas e muito mais coisas, que actualmente encontram-se no meu vasto espólio.

Direi mesmo que é um acumular de paixões umas atrás das outras e nas quais aqui e ali vou guardando e recordando.


Quando vês essas recordações, quais as que te marcam a saudade?

Ui, boa pergunta. Eu direi que todos os momentos ficam marcantes e guardados na nossa memória. As memórias que guardo são todas em especial ex atletas meus e não só, que acompanhamos durante uma fase boa da nossa vida e que com o passar vemos aqueles pequenos traquinas a crescerem, a evoluírem, a tornarem-se homens/mulheres e que nos guardam na memória os momentos das suas vidas, fossem eles bons ou maus. É sempre bom para mim, encontrar um atleta e lembrar-se do tempo em que começou a jogar e quando por vezes pensamos estarmos a falar pró tecto, eles recordam as nossas sábias palavras.


Para quem não sabe, optaste pela variante de praia. Achas que foi boa ou má opção?
 
Estar a altura do inverno propriamente dito sem treinar não é bom para um treinador, no meu caso deveu-se mais pelo facto que a praia é a minha paixão, aquela onde me sinto mais treinador e mais preparado. Na altura pensei que a opção seria boa, infelizmente em Portugal para seres um treinador bom tens de ter nome, e por muito trabalho que faças nos “bastidores”, o certo é que a nível mundial não serves ou pelo menos ninguém te conhece. Além disso como as nossas duplas se queixam todas do mesmo (falta de apoios) o certo é que ninguém tem a coragem ou “tomates” para pegarem num Zé ninguém e porem a treinar uma dupla para competições internacionais. Por cá, se tens opinião própria tens de guarda-la para ti ou então não consegues apoios.


Actualmente és um treinador desempregado ou reformado?

Essa dá para rir, mas cá vai. Eu considero-me um treinador reformado, por não ter emprego no que toca ao voleibol. É complicado quando não temos formação do tipo professor de educação física, e termos de andar a “mendigar” quem nos queira aceitar para orientar equipas, quanto mais duplas de praia. Quando optei pela praia, sabia que seria difícil, ainda tentei criar uma escola de voleibol, mas os apoios não apareciam, e assim perdeu-se o interesse. A nível do pavilhão as propostas eram pela carolice, e actualmente tenho família e um emprego seguro ao qual não me facilitava o facto de poder conciliar a parte do trabalho e a parte desportiva. Além disso tinha feito uma promessa, que quando tivesse um filho/a deixaria o voleibol, a não ser que aparecesse uma proposta fabulosa, coisa que até agora, nada.


Finalizando, o que achas do actual estado do voleibol de praia?

Já o vi com melhor cara. De momento fico preocupado e muito pensativo quanto ao futuro. A nível internacional, vejo as coisas muito mal paradas, as nossas duplas estão velhas, a perderem terreno face ás outras duplas e a cada ano, o acesso ás provas internacionais começam a complicar-se ainda mais. Por cá, existe algum interesse no que toca aos mais novos, mas quando chega aos seniores as coisas pioram. Atletas deixam a variante, uns por motivos académicos, outros por questões de evitarem lesões graves onde possam estragar a época no pavilhão. Outros porque os apoios e patrocínios não aparecem e talvez pelo facto que a própria federação de ano para ano reduz aos prémios, reduz ás etapas e de certa forma, os atletas preferem outro tipo de provas. Chego mesmo a pensar se quando a minha filha chegar há idade de poder jogar na praia se realmente ainda existirá alguma prova, etapa ou torneio.

O futuro neste momento é muito incerto.



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