BRASIL: Claque do vôlei faz festa como no futebol e tira rivais do sério

sexta-feira, 12 de abril de 2013

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Com cantos adaptados, “Loucos de Osasco” se compara à torcida do Corinthians

Entre os quase dez mil espectadores que acompanhavam a final da Superliga feminina de vôlei no ginásio do Ibirapuera, um grupo se destacava: com camisetas brancas e laranjas ornamentadas com a imagem do personagem “Taz”, da Looney Tunes, essas pessoas faziam uma bonita festa, pulando e gritando como se estivessem em um estádio de futebol. Divididas entre o anel inferior e superior, elas eram parte da torcida organizada mais antiga do vôlei brasileiro, a “Loucos de Osasco”.

Fundada em 1998 por um grupo que fez amizade de tanto se encontrar no ginásio José Liberatti, a “Loucos” é conhecida no vôlei por pegar no pé das adversárias do Sollys, uma das mais importantes equipes do país e que nesta temporada reuniu a base da seleção brasileira. Após a vitória na final, o técnico da Unilever, Bernardinho, não os mencionou diretamente, mas alfinetou a torcida de Osasco reclamando da perseguição e dos xingamentos recebidos pela ponteira Natália nas últimas vezes em que os times se encontraram.

Natália virou alvo da “Loucos” depois que trocou a equipe paulista pelo rival carioca. A mudança em si, feita anteriormente por outras jogadoras, não foi o grande problema, mas sim o fato de ela, “cria” das categorias de base da cidade, supostamente ter negociado a transferência em 2010 ainda no ginásio do Mineirinho, onde Osasco perdeu a decisão daquele ano justamente para a Unilever.

Questionados, os membros organizada admitem as provocações, mas lembram que jamais alguma delas evoluiu para qualquer tipo de violência física. Patrícia Soarez, que se define como a “marqueteira” da “Loucos”, ressalta que Natália não enfrentaria resistência alguma caso quisesse voltar a jogar no time. O mesmo, aliás, ela garante se aplicar a qualquer outra atleta:

- Essa é a forma que a gente tem de ajudar o Sollys: desconcentrando as adversárias. O próprio Bernardinho está fazendo o papel dele quando fala da torcida de Osasco, que é tentar nos inibir. É aquela coisa: dentro de quadra, ele é nosso “inimigo”, mas no bom sentido. Fora, não. Quando ele está na seleção masculina, também torcemos por ele.

Como atualmente tenta fazer um recadastramento, a “Loucos” não sabe dizer exatamente quantas pessoas fazem parte da torcida, mas pelo menos 200 foram ao Ibirapuera no domingo (7) – parte desses ingressos, aliás, foram cedidos pela Nestlé, patrocinadora da equipe, que, assim como apoiadores anteriores, eventualmente também cede ônibus para os torcedores acompanharem a equipe fora de casa.

Segundo Patricia, as atletas apoiam tamanha participação dos fãs, que muitas vezes tiram dinheiro do próprio bolso para fazerem cartazes de apoio e formam uma rede de caronas para jogos que começam muito tarde. Três delas, Adenízia, Fabíola e Karine, são consideradas as mais próximas:

- As jogadoras gostam, falam que a gente incentiva muito. Somos comparados com a torcida do Corinthians. Todo mundo que conheço diz que somos diferentes, pois estamos apoiando independente do que acontecer, na vitória ou na derrota. Mas, ao contrário do futebol, não temos a parte da violência.

Outra organizadora da “Loucos”, Aline Barrence conta que a relação com as torcidas rivais é ótima:

- Claro que tem a parte da gozação, mas no domingo mesmo, depois da final, fomos almoçar com gente da torcida da Unilever.


Unilever

Maior rival do Sollys, a Unilever também tem os torcedores fanáticos, que se unem através de redes sociais. A maior delas é a “Torcida Unilever Vôlei”, que no Twitter também se define como “Unizumbilovers”. Porém, uma das responsáveis pela página, Bianca Gomes, ressalta que eles não se definem como “organizados”:

- É que torcida organizada lembra bagunça, violência. A gente se define como uma torcida que cresce todo dia, que se reúne, faz cartaz... Quem quiser chegar, pode vir e a gente vai se conhecendo...

Sem contar com qualquer tipo de cadastro, os “Unizumbilovers” se reúnem apenas como amigos com um objetivo em comum: para ir à final em São Paulo, por exemplo, eles alugaram dois ônibus. Antes, haviam se juntado para fazer um vídeo motivacional com os parentes e amigos das jogadoras:

- Era para ser um vídeo surpresa com a torcida, no decorrer da Superliga, mas depois alguém teve a ideia de fazer com as pessoas próximas das jogadoras e ficou muito legal. Conseguimos mandar mensagens para todas elas. Entreguei em um treino para o Bernardinho e ele disse que ia usar.

Residente na cidade de Rio das Ostras, Bianca diz que costuma dirigir mais de duas horas rumo ao Rio só para acompanhar as partidas da equipe em casa. De tão presentes, ela e suas amigas chegaram até a estabelecer uma pequena relação de amizade com as jogadoras:

- Temos contato com algumas delas, de conversar de vez em quando, e como, você está sempre no jogo, elas acabam te reconhecendo

Assim como o pessoal de Osasco, Bianca garante que as torcidas do vôlei não englobam a parte ruim do futebol:

- Temos rivalidade, brincamos, sacaneamos, mas parou por aí.

Veja abaixo o vídeo motivacional que as jogadoras da Unilever ganharam da torcida:

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