VOLEI FALADO: Formação adequada ou não?

sábado, 16 de março de 2013

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Nas últimas semanas acompanhei com alguma persistência jogos dos escalões de formação, podia tê-lo feito de forma aleatória, mas apenas tentei ver jogos precisos, nomeadamente nos escalões de infantis e iniciados femininos.

O porque desta minha insistência nestes escalões, foi para o facto de que recentemente depois de assistir alguns jogos destes escalões, eis que algo me chamou a atenção, estarão as atletas devidamente formadas ou não?
A pergunta pode ser um pouco impertinente, mas a explicação virá em breve.

O facto é que não querendo citar nomes, nem os clubes tão pouco, eis que algo me chamou atenção nos jogos a que assisti e por dois motivos.
A história dos clubes que visitei e a formação dos mesmos clube.

Incrível como que clubes com uma vasta história e tradição no voleibol nacional e que com projectos em que na sua maioria começam a formação nas suas atletas ainda com tenra idade, chegam ao escalão de iniciadas e ainda actuam como se estivessem no escalão de minis.

De facto por muito que custe aceitar a verdade é que não foram apenas um, mas vários clubes que sem saber, receberam nos seus recintos a minha modesta visita e com algum espanto eis que reparei neste pequeno defeito ou não.

Como é possível, atletas que começaram tão cedo e chegarem algumas ao segundo ano de iniciadas e ainda jogarem como se fossem minis. Outra das coisas que reparei e para quem assiste das bancadas foi que a maioria dos pais destas atletas das duas uma, ou pouco se importa com os resultados da mesma e a sua educanda vai praticando a modalidade que adora ou então, desconhecem todo o processo de formação e este tipo de voleibol tem evolução nos escalões seguintes.

Na qualidade de pai, gosto que a minha filha seja uma vencedora, embora que ganhe ou perca tudo faz parte dum processo de vida, embora que como ex treinador costumo dizer, que percam com estilo, sabendo que deram tudo dentro de campo e no treino.

Ora bem, voltando aos jogos, aquilo que vi foi quase que repetitivo, sem ataques, sem defesas, sem blocos, serviços falhados, alguns feitos por baixo e sem qualquer direcção e para não variar aquele tipo de jogada muito característico nestes escalões, em que numa bola divida as atletas ainda ficam na duvida sobre quem iria e na qual depois soube o olhar do treinador/a lá aceitam o facto de que erraram. Enfim.

Casos destes acontecem semanalmente e se nestes escalões jogam assim, como vão jogar quando chegarem a juvenis?

O que me faz perguntar de novo, como se explica a um pai ou mãe, que coloca a sua filha a praticar voleibol desde muito nova e depois de alguns anos em minis, colocam num escalão mais competitivo e ainda assim continuam a actuar como se ainda estivessem a aprender de novo.

Costumo dizer que tudo na vida é sempre um método de aprendizagem, aliás quantos mais anos tenhamos no desporto, na vida pessoal ou até profissional estamos sempre em aprendizagem constante, conhecendo sempre coisas novas.

Falando com alguns responsáveis de equipa, muitos foram os que me comunicaram que as atletas nos treinos se aplicam e que treinam como se fossem seniores, coisa que não duvido, mas se assim treinam então como se explica o facto de chegarem aos jogos e semana após semana continuam a actuar sempre da mesma forma, como se estivessem em fase de iniciação na modalidade.

Nem todas estas situações acontecem em todos os clubes, fiquem descansados os mais sépticos, pois ainda assim vi casos fantásticos de atletas a competirem com muita competividade e certamente no final da época os resultados aparecerão.

Voltando ao tema desta crónica a minha dúvida ainda permanece, porque é que clubes com basta história e tradição na modalidade permitem ainda estas situações.
E a resposta é simples, má gestão, má organização e acima de tudo, os responsáveis não querem saber.

Durante esta pequena pesquisa e depois de muito blá blá, pude também verificar que a maioria destes clubes com tradições e história na modalidade, não tem o acompanhamento devido por parte dos seus responsáveis máximos, neste caso, o responsável por toda a estrutura do voleibol de formação e também por quem dirige a modalidade em cada clube, pois muitos deles e pelo que vim a saber, não aparecem nos treinos, nos jogos, nos torneios e que quando assim o fazem é apenas para rever algum amigo/a. 

O facto é que no final os resultados saltam há vista, e se procurarem vem e não precisam de muito esforço para tal, basta seguirem os meus passos e responderem a uma simples pergunta. De todos os clubes com basto historial de formação no voleibol feminino português, quais os que não marcaram presença nos últimos três anos nas fases finais dos nacionais de infantis e iniciadas? Pois, pensem bem e certamente terão todas as respostas às duvidas que possam ter sido levantadas nesta crónica.

Até breve.


Joaquim Teixeira, Volei Falado
maisvoleibol 2013


1 comentário:

Unknown disse...

Como diria, e desculpe começar assim o meu comentário, um grande amigo do outro lado do oceano, Roberto Pimentel: “"despertar para uma nova era". Perceberão que estamos pensando em voz alta, proporcionando alternativas práticas para mudanças de comportamento frente
aos desafios que estão a desafiá-los há algum tempo. Os que preferirem, terão
alternativa de acesso ao Procrie, um breve clique aqui ao lado”.
Lembra-me quando tive a minha formação e depois como aprendiz de treinador cheguei ao clube me disseram na primeira reunião e única desse ano, que existia um “manual” onde explicava tudo o que o clube queria para a formação.
Passaram-se 3 anos e depois de muito procurar, nunca encontrei esse manual, o que fui assistindo durante este tempo foi que, cada treinador fazia á sua maneira.
Por outro lado vou observando treinadores nos escalões de formação a fazerem um trabalho horrível, e penso que aqui vou de encontro á sua crónica, muitos destes treinadores não deveriam estar nestes escalões,
Em muitos clubes penso que os pais também são culpados “descarregam” os filhos á porta do ginásio confiantes que estes estão a aprender algo que os vai tornar mais fortes e saudáveis. Outros assistem e importam-se com o que se está a passar e por vezes intervêm. É possível que sejam estes os clubes, que são as exceções em que a cultura desportiva dos pais também ajuda os treinadores a fazerem o seu trabalho.
Por outro lado vou observando outros clubes onde os treinadores vão fazendo o seu trabalho mediante um modelo de treino e jogo que ao longo dos anos foram desenvolvendo e aperfeiçoando, o problema é que nem todos trabalham assim e depois temos os problemas das seleções de cadetes e juniores que trabalham sobre outro modelo.
O que assisto semana a semana é a um desporto desgovernado onde todos têm a sua opinião e quando se sentam para discuti-la apenas serve para ficar bem na fotografia, continuamos á espera do resultado da última reunião (penso ter sido o ano passado em Julho em Guimarães) em que juntou treinadores e dirigentes da federação.
Se esta já saiu desculpem não ter estado atento…
Um abraço e um obrigado por mais uma boa crónica sobre o nosso Voleibol...
Carlos Louro

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