
As últimas 48 horas do vôlei teve sentimentos que foram de um extremo ao outro: se na noite de sábado William “El Mago” Arjona deu um show na contundente vitória do Sada Cruzeiro sobre o Sesi pela semifinal da Superliga masculina, a tarde de segunda-feira foi marcada pela anúncio da saída de (mais) um patrocinador do vôlei.
A vítima da vez é o time de Campinas. Criado três temporadas atrás com o apoio da fabricante de remédios Medley, o time agora terá que correr atrás de outro investimento se quiser manter as atividades da equipe adulta.
Desistências de patrocinadores são, infelizmente, algo pra lá de comum no vôlei. Só nesta abertura de mercado masculino, por exemplo, Campinas brigará por um dinheiro que lhe garanta a sobrevivência com Vôlei Futuro, Florianópolis e São Bernardo. Até quando conviveremos com isso?
Já está mais que provado que apenas ganhar títulos não é a solução. Todo esse sucesso, aliás, indireta e ironicamente acaba prejudicando o próprio esporte, que está grande demais para esse modelo de dependência pura de uma empresa em um mundo cada vez mais repleto de oportunidades, como apontou o especialista em marketing esportivo Erich Beting.
Através do Twitter, jogadores politicamente mais atuantes como Gustavo Endres e o próprio William Arjona passaram a discutir o assunto. O central do Canoas, por exemplo, falou em “maior união” e criticou o calendário curto da temporada de clubes. O levantador, por sua vez, acredita que os esportes olímpicos, em geral, precisam de mais apoio da mídia.
Ambos têm muita razão no que dizem, mas acredito que o buraco é mais fundo. Não adianta ficarmos aqui apenas chorando e reclamando dos “patrocinadores maus”, que acabam com projetos bacanas do ano. Idas e vindas de apoiadores são normais e é do mundo capitalista que uma empresa decidir investir ou parar de investir de acordo com as suas necessidades. A questão é que o vôlei precisa bolar uma forma de manter seus clubes em que não dependa da boa vontade dos empresários.
Quanto ao apoio da mídia, a história é bem mais simples: o destaque é proporcional à audiência dada por tal assunto. Se o vôlei de clubes não aparece tanto assim é porque, lamentavelmente, em âmbito nacional não chama a atenção. “Ah, mas o Neymar corta o cabelo e sai em todo lugar”, alguém pode dizer. Sim, também concordo que uma notícia dessas é uma babaquice, mas o que fazer se isso dá muita audiência? A mídia também é capitalista e precisa de números para manter seus anunciantes.
Fala-se muito do fato de a Globo não dizer o nome dos apoiadores no ar, o que seria desejável. Porém, ninguém até agora teve uma solução melhor que a eventual exposição na maior TV do país e, alguns poucos sábados e/ou domingos. Óbvio que essa transmissão poderia ser melhor, mas repito: não podemos ser totalmente dependentes disto.
Em resumo: o vôlei não pode depender da bondade alheia, seja de empresários ou da mídia. É preciso um modelo auto-sustentável.
A solução é difícil e acredito que ninguém tenha até agora. Particularmente, gosto muito do modelo de administração dos esportes americanos. Olhamos para lá e vemos tudo funcionando como uma maravilha, mas uma rápida olhada na Wikipedia mostra que nem sempre a vida da NBA foi fácil. Será que a solução não está lá fora?
Carolina Canossa
Parceria Maisvoleibol / Saída de Rede ( http://saidaderede.com.br)
Carolina Canossa
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