SAÍDA DE REDE: Finais da Superliga, bonitas por fora e bagunçadas por dentro

terça-feira, 23 de abril de 2013

Share this history on :

Superligas encerradas, mercado rolando solto, seleções que já começam a treinar… O capítulo do livro já está mudando e eu ainda não consigo deixar de pensar na festa promovida pela CBV para promover as decisões feminina e masculina da principal competição de vôlei do país. Então, aí vai um post sobre esse assunto.

Primeiro, os elogios

Credenciada como imprensa, tive a oportunidade de acompanhar de perto a partida na qual a Unilever bateu o Sollys Osasco por 3 sets a 2, disputada em 7 de abril, em São Paulo. Confesso que nunca vi o Ibirapuera tão bonito para receber um evento esportivo: iluminação bem feita, músicas bacanas, patrocinadores do lado de fora promovendo seus produtos para os torcedores, que entravam no ginásio de maneira organizada.

Lá dentro, um espaço bem legal ficou reservado para a imprensa, em uma das curvas das arquibancadas inferiores, com boa visão da quadra e sem o risco de boladas. Um pouco apertado para ir de um lugar a outro na mesma fileira, mas ok: a culpa é da estrutura do ginásio, já bem antigo, mas dentro do possível todos ficaram bem acomodados.

Em quadra, muita festa na apresentação das jogadoras, com um telão mostrando o rosto de cada uma que entrava em quadra e o respectivo número. Grupos de dança se apresentaram e, durante os intervalos entre os sets, pessoas com roupas com LED colorido ficaram estrategicamente posicionadas, proporcionando um efeito visual muito legal.

Rolaram ainda imagens do pessoal nas arquibancadas e até uma tentativa de imitação da “Kiss Cam”, a famosa “Câmera do Beijo” tão presente nos Estados Unidos. No Rio, o repórter do “Melhor do Vôlei”, Adriano Barbosa, reportou que as idéias foram repetidas com sucesso.

Agora, a parte que não funcionou

Por tudo o que o vôlei brasileiro representa, estes eventos mereciam uma organização melhor além das aparências. Entrar no Ibirapuera para trabalhar, por exemplo, foi um verdadeiro inferno. Primeiro, era para ser pelo portão 6. Mas não, lá não podia, era no portão 15. Aí no 15 também não podia entrar. Volta pro 6, onde te mandam ir de novo no 15. No fim, só com um pouco de argumentação e alguma dose de cara de pau foi possível me posicionar para o jogo. Sim, o 15 era o portão correto, mas não havia sinalização adequada e nem os seguranças, inclusive daquele portão, pareciam saber quem poderia passar por ali ou não.

Mas isso seria o de menos. Ao término do duelo, todo mundo que não era da Globo ou do Esporte Interativo ficou pacientemente esperando o trabalho dessas TVs terminarem para também fazer a sua parte. É normal e eu defendo esse direito: se pagou para transmitir o jogo, tem mesmo que ter o privilégio de poder falar primeiro e com mais calma com as estrelas. O problema é que depois que a parte deles foi encerrada, os seguranças simplesmente impediram um monte de profissionais de se aproximar da quadra, incluindo aí fotógrafos devidamente credenciados (e desesperados por estarem perdendo a imagem do pódio, que, aliás, foi desnecessariamente longo). De novo, o problema da falta de organização e sinalização. Na batalha por um espaço perto da quadra, pessoas que só queriam trabalhar acabaram involuntariamente atrapalhando fãs que desejavam um autógrafo.

Quando finalmente o impasse foi resolvido, uma mudança de última hora no local onde todas as jogadoras falariam com a imprensa. Com tantos atrasos e confusões, muita gente não conseguiu conversar com o pessoal do Sollys, que obviamente não tinha motivos para permanecer um tempão na quadra como as meninas da Unilever. No fim, só conseguiu entrevistas as vice-campeãs quem teve a sorte de dar de cara com elas saindo do vestiário rumo ao ônibus da delegação.

Para o jogo da semana seguinte, no Rio, a CBV tentou evitar estes problemas imprimindo como seriam os procedimentos para a imprensa com antecedência, de modo que todos já chegassem ao Maracanãzinho cientes de como poderiam trabalhar. Seria ótimo, desde que funcionasse. Segundo o Adriano, do “Melhor do Vôlei”, muitos repórteres só conseguiram entrar na quadra quando boa parte dos atletas e técnicos já tinham ido embora. Além disto, houve ainda questões como falta de cadeiras para profissionais e, em ambos os ginásios, a prometida wifi só funcionou até metade do jogo (este é um problema crônico do velho Ibirapuera, que afeta vários eventos esportivos, mas ao menos no recém-reformado Maracanãzinho deveria estar tudo ok).

Ah, o público

Quem resolveu ver as finais das Superligas de perto também sofreu. Primeiro, para comprar os poucos ingressos disponíveis. Depois, com a falta de lugares legais para se fazer um lanche dentro dos ginásios. Por fim, com uma bizarrice que o jogo único proporcionou: como as cidades que receberam as partidas coincidentemente tinham um time da região na final, obviamente havia mais interessados em ficar na torcida do Osasco em São Paulo e na do RJX no Rio. Só que, por ser supostamente neutro, o ginásio deveria estar 50% para cada lado. Então, azar de quem chegou um pouco mais tarde e teve que ver o jogo na arquibancada do rival.

Definitivamente, não foi fácil para ninguém. Tão conhecida por sua eficiência, a CBV ainda deve muito neste aspecto dos bastidores. Será que é tão difícil assim fazer uma série melhor-de-três e proporcionar a bonita festa mencionada no início a mais gente? Será que é tão difícil ter um pouco de organização? Fora de quadra, o vôlei brasileiro ainda joga muitas bolas na rede.

Você pôde acompanhar de perto a decisão? O que achou?


Carolina Canossa
Parceria Maisvoleibol / Saída de Rede ( http://saidaderede.com.br)


Sem comentários:

Enviar um comentário

Leia antes de fazer o seu comentário:
- Todos os comentários serão revistos pela administração antes de serem publicados
- Palavras ofensivas serão removidas
- Os comentários não reflectem a opinião dos autores
- Não coloque links no comentário para divulgar outro blog ou site, basta utilizar o OpenID na hora de enviar o comentário e o seu link ficará gravado.
- Administração agradece que não comente em "anónimo"
Este blog respeita todos os seus leitores. Obrigado pelo comentário!