YOUNG VOLEI: 33 longos anos

Depois de longos 33 anos de estagnação do voleibol em Moçambique, em parte por culpa da administração de Camilo Antão e alguns dos seus camaradas, que ficou na presidência da Federação Moçambicana por mais de 30 anos, finalmente pode-se ver que os voleibolistas estão com vontade de mudar. Um dos mais flagrantes sinais da onda de mudança é a saída de Camilo Antão e o seu elenco. 

Os danos deixados por esta gestão danosa da modalidade no país são visíveis à vários níveis, só para fazer menção de alguns dos problemas: 

- Falta de Campos Oficiais e exclusivos para a prática de voleibol no país; 

- Nível de formação de treinadores, árbitros, pessoal auxiliar (estatísticos) muito baixo; 

- Não existência de uma base permanente para as Selecções Nacionais de Voleibol de Sala em todos os escalões; 

- Baixo nível de popularidade e de prática da modalidade no país; entre outros problemas que se estendem por uma extensa lista. 

Mas finalmente a tendência foi quebrada, e surge agora um nova direcção que recebe aparentemente apoiada por muitas frentes do voleibol em Moçambique. Digo aparentemente porque a Associação de Nampula que foi uma das mais injustiçadas pela antiga direcção da Federação votou para a permanência de Camilo Antão. 

É verdade que tudo o que é novo assusta, mas que implicações as mudanças na Federação trarão para o voleibol a nível nacional??? Especialmente ao nível que conheceu maior estagnação ao longo dos últimos anos, as camadas de formação, nomeadamente Juvenis e Juniores, considerando que essas são as bases para o desenvolvimento do voleibol como um desporto profissional no país. 

Há anos que não se ouve falar de seleções nacionais nesses níveis (pelo menos no volei de sala), sendo que na Administração Antão só foram feitas chamadas as seleções nesses níveis para os torneios de voleibol de praia. Mas porque será que se preferiu as camadas de formação somente no volei de praia? Bem, isso apenas uma ou algumas pessoas podem responder, nomeadamente, Camilo Antão e a sua administração. 

Com a onda de mudança que já se faz sentir à mais ou menos dois anos a todos os níveis, especialmente nos níveis de seniores e juniores, esperamos que a nova administração venha privilegiar e potenciar a formação daquelas que serão as próximas estrelas do voleibol nacional. E que para que isso aconteça há que se criar condições mínimas para os jovens atletas, tais como, disponibilidade de campos, bolas, redes, treinadores com conhecimentos sólidos. 

Outro aspecto que merece menção é o nível de formação dos nossos treinadores, árbitros e outro pessoal técnico (estatísticos, preparadores físicos) que neste momento pode ser considerado como inexistente. Um exemplo flagrante dessa inexistência é o que se assistiu no último Campeonato Nacional de Voleibol de Sala (Maputo Cidade 2012), onde não houve premiação para os atletas que se destacaram em cada um dos fundamentos e a nível geral (MVP’s), alegadamente porque a Federação não possui pessoal estatístico para fazer o trabalho. 

Esperemos que a nova direcção com a figura principal em Khalid Cassam, esteja consciente de todas estas lacunas que existem, e que saibam reconhecer a necessidade existente de se recorrer a personalidades e instituições internacionais que estejam dispostas a dar o seu contributo para o desenvolvimento em Moçambique. 

E para todos nós (atletas, treinadores, árbitros, pessoal de apoio técnico, dirigentes entre outros), que aprendamos que não devemos ter vergonha de pedir ajuda, não devemos esconder os nossos problemas, e apresentar as nossas preocupações a nível provincial e nacional, porque se fizermos vista grossa aos mesmos, corremos o risco de voltar a cair no esquecimento.

Augusto Messa Júnior, Young Volei

maisvoleibol 2013