Os Órgãos Sociais da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV) para o quadriénio 2012/2016, cuja nova Direcção, liderada por Vicente Araújo, foi eleita no passado dia 31 de Março, tomaram posse, hoje, em cerimónia que decorreu no Auditório Fernando Jorge de Araújo Barros, na sede federativa.
Estiveram presentes Alexandre Mestre, Secretário de Estado do Desporto e Juventude, Vicente Moura, Presidente do Comité Olímpico de Portugal, Rosa Mota, antiga recordista olímpica, o Presidente da Federação Angolana de Voleibol, Presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, representantes de Câmaras Municipais e de associações de Voleibol e clubes, entre outras personalidades que não quiseram faltar a este momento importante para a história do Voleibol nacional.
Rolando Sousa, Presidente da Assembleia Geral da FPV e antigo Presidente da FPV, recordou os mandatos anteriores do presidente empossado:
"Vicente Araújo elevou o Voleibol a patamares nunca antes atingidos. Para este último mandato, desejo-lhe, bem como aos restantes membros dos órgãos sociais da FPV as maiores felicidades".
Vicente Araújo, presidente da FPV desde 1996 e actual membro do Grupo Executivo da Federação internacional de Voleibol (FIVB), definiu as prioridades para o seu quinto mandato consecutivo na Presidência da FPV, cujo objectivo se prende com a necessidade de mudança do desporto nacional:
"Conscientes do tempo de crise em que vivemos, mas sem receios e com a convicção de que somos capazes, iremos trabalhar com afinco na busca da excelência, mesmo correndo o risco de errar, pois como dizia Boccacio «mais vale agir na disposição de nos arrependermos do que nos arrependermos de nada termos feito».
Assim, iremos procurar:
•Consolidar a expressão do desenvolvimento atingido pelo Voleibol Português, perspectivando-o no novo ciclo Olímpico, que culminará nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016;
•Afirmação do Voleibol como uma marca atraente para os “media” e para os agentes económicos;
•Consolidação do processo de promoção e expansão da modalidade através do Projecto Gira Volei e do Gira+.
•Continuação do apoio sistemático, criterioso e exigente à acção dos Clubes e Associações Regionais;
•Aprofundamento do trabalho das selecções nacionais, fazendo incidir uma especial atenção no sector feminino;
•Reforço das relações institucionais com outros agentes desportivos;
São estes os nossos propósitos, as nossas ambições e a nossa determinação: Continuar a inovar e a fazer acontecer, no sentido de servir com qualidade, o voleibol e o desporto nacional".
O Presidente da FPV salientou ainda:
"Precisamos de uma política desportiva comprometida em melhorar o valor do seu desporto para a afirmação do país no mundo e que inspire as gerações futuras.
Gostaria de fazer algumas considerações a este respeito:
•O modelo organizacional do nosso desporto tem já várias dezenas de anos. Deveria, quanto a nós, ser revisto.
•O regime jurídico das Federações Desportivas está inadequado. Este foi delineado com um objectivo determinado, julgamos nós.
Como alguém já disse: “Há poucas coisas impossíveis em si próprias e para as realizar faz-nos mais falta a aplicação do que os meios”
•O Principal problema do desporto não é a falta de meios.
•Um dos graves problemas do desporto português é a Falta de Dirigentes.
•Faltam dirigentes para clubes, Associações Regionais, mas, então há que criar mais associações de clubes. No entanto o regime jurídico cria mais Associações do que Clubes, para além das regionais... onde já os clubes pouco participavam.
Os dirigentes desportivos merecem ser reconhecidos e estimulados".
Em relação à Alta Competição, Vicente Araújo lançou alguns desafios:
Em 2009, foi revogado um decreto que contemplava a Alta Competição e Selecções Nacionais.
O novo diploma apenas regulamenta a Alta Competição; as Selecções estão, até hoje, ainda à espera de regulamentação.
Urge conhecer de forma inequívoca a situação das Federações face ao fisco.
Por outro lado, temos um Plano Nacional de Formação de Treinadores (PNFT) que consideramos utópico, e como tal, inadequado ao país.
Para profissionalizar treinadores é necessário que haja mercado de trabalho e ele não existe. Temos clubes que querem treinadores e não os encontram, temos treinadores que querem clubes e não os encontram. Treinadores que querem tutores e eles não existem. Como disse Nicolau Tolentino: “É coisa nunca vista”:
Treinadores formados, com experiência e competência, só porque não se inscrevem até ao final deste mês, deixa-se de se reconhecer a formação. Se quiserem voltar a ser treinadores, têm que voltar ao zero.
Desta maneira, de 3500 treinadores ficamos apenas com 900, sendo que destes 900, 60 estão em formação.
Os custos com a formação duplicaram e os custos para os formandos aumentaram e bastante.
Porque não optar por uma segunda via? Porque não ter uma via profissionalizante para quem o pretender e uma segunda via para quem não quer essa opção?
Esperamos que uma nova política desportiva seja implementada, em que o Estado seja parceiro das Federações na sua tarefa de afirmar a excelência do seu desporto.
Uma política que tenha visão, indicando o caminho e o sonho;
Uma política que defina a missão do desporto, o que se quer alcançar e o seu compromisso com o futuro;
Uma política que desenhe uma cultura de valores e regras: que seja exigente;
Uma política que possibilite definir objectivos realistas e um controlo de execução rigoroso.
Como disse o Professor Sampaio da Nóvoa, no seu discurso das comemorações do dia 10 de Junho: «As palavras não mudam a realidade. Mas ajudam-nos a pensar, a conversar, a tomar consciência. E a consciência, essa sim, pode mudar a realidade».
Com a força que a nossa determinação nos tem dado para fazer progredir o Voleibol, com a serenidade própria de quem é humilde, de quem rejeita o pensamento débil de alguns sectores do mundo de hoje, e praticando uma cultura de parceria – com aqueles que vivem e sentem o Voleibol - contamos com a ajuda de todos esses, para que o Voleibol de Portugal se continue a afirmar.
A todos aqueles que quiseram estar aqui hoje, àqueles que rejeitando fatalismos acreditam como nós, e a todos os que sonham... o nosso obrigado".
O Presidente do COP, Comandante Vicente Moura, felicitou a Federação na pessoa do seu Presidente e fez votos para que o trabalho desenvolvido até ao momento continue a produzir os seus frutos:
“A minha presença aqui significa o agradecimento por todo o apoio que nos tem sido dado pela FPV.
Lembro-me que o Sr. Rolando Sousa foi um excelente Presidente da Federação e concordo quando diz que, sob a Presidência do Professor Vicente Araújo o Voleibol atingiu patamares nunca antes alcançados. E vejo aqui alguns dirigentes, que há alguns anos teriam menos cabelos brancos, mas que dedicaram a sua vida ao desporto.
Uma palavra de apreço para o Professor Vicente Araújo, que esteve sempre ao meu lado. As nossas opiniões nem sempre coincidiram, mas foram sempre frontais.”
Para Alexandre Mestre, a tomada de posse dos Órgãos Sociais da Federação “reveste-se de uma importância muito grande e é um sinal de vitalidade de uma Federação de sucesso reconhecido. A minha presença aqui expressa, simbolicamente, que este Governo não é só de duas ou três federações, mas sim de todas as modalidades, de Norte a Sul do país”.
O Secretário de Estado focou ainda "o aumento do número de praticantes, sendo de enaltecer o aumento dos atletas do sexo feminino, bem como o aumento de treinadores, árbitros e juízes.
A Federação Portuguesa de Voleibol é também um exemplo de boas práticas do desporto escolar".
"O Governo tem feito um esforço para apoiar, através de contratos-programa, esta e outras federações", acrescentou, concluindo:
"Uma última palavra para o Presidente Vicente Araújo: é com regozijo e orgulho que recebemos a notícia da sua recente nomeação para o Grupo Executivo da FIVB, que acrescentou a muitas outras nomeações internacionais.
É vital que Portugal esteja representado ao mais alto nível nas instituições internacionais.
As relações entre o Governo e as federações devem pautar-se por um trabalho de cooperação a todos os níveis, sem egocentrismos. Devemos despir as funções que desempenhamos em prol do desporto nacional".
Fonte: FPV
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