Volei de Praia

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

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Voleibol de Praia 

1 – SERVIÇO

- Mais importante: serviço agressivo e dirigido!

- O mais aplicado é o flutuante (bola deverá passar, rasando a tela);Quando o utilizamos com vento, servir sempre contra a direcção do mesmo (pancada forte no centro da bola)!

- Sem vento, servir flutuante, para o fundo, entre as duas jogadoras... Conhecendo-as, explorar pontos fracos. Servir sempre para a mais débil (insistir na mesma jogadora para a fatigar) e/ou para as zonas vulneráveis. O objectivo do estudo do adversário é o de conseguirmos explorar os seus pontos fracos e minimizar os fortes!

- Treinar serviço flutuante contra e a favor do vento. No entanto, quando há vento o serviço em suspensão torna-se mais eficaz!

- Técnica para servir em suspensão:

- A técnica de lançamento da bola para servir em suspensão varia de jogadora para jogadora, mas o mais frequente é o lançamento efectuado com uma só mão (membro dominante), imprimindo já uma certa rotação à bola.

- O lançamento deverá ter a altura suficiente para dar tempo para fazer a chamada e para contactar a bola num ponto alto, mas cuidado com as alturas...o vento muda rapidamente a trajectória do lançamento! É preferível um lançamento baixo com uma chamada curta e explosiva!

- O contacto com a bola é feito na sua metade superior e de forma violenta... continuar a chicotada do pulso por cima da bola de forma a imprimir uma rotação à bola, a qual fará cair a bola mais cedo, principalmente se estivermos contra o vento.

- A bola deverá ser lançada para a frente (1,5 a 2m). Assim, ficaremos de 0,5 a 1m da linha final!

- Estratégias:

- É fundamental ter-se um objectivo específico em mente antes de servir... dispor de um serviço planificado, reduz o número de erros!

- Tal só se verifica, se o adversário for bem estudado. Para além disso, temos que estar aptas a servir de e para variadas zonas (diagonais e paralelas curtas e longas, centro curto e longo...), uma vez que o objectivo principal é obrigar as receptoras a saírem dos seus pontos de partida, ou seja, deslocarem-se. Isto exige muito treino e consistência no serviço!

- Regras de ouro:

- Obrigar as receptoras a saírem dos pontos de partida, ou seja, deslocarem-se;

- Servir para jogadora mais débil e/ou zonas vulneráveis;

- Se errar serviço, sempre no fundo e nunca na rede (privilegiar serviço fundo);

- Utilizar o vento e o sol para nosso proveito;

- Não cometer erros de serviço após desconto de tempo;

- Não cometer erros de serviço se a colega já errou na rotação anterior!


2 – RECEPÇÃO

- Tanto o serviço como a recepção são procedimentos técnico-tácticos que exigem a máxima concentração das jogadoras, podendo mesmo dar-lhes a vitória no jogo!

v No voleibol de praia, a disputa entre quem serve e quem recebe é o aspecto mais crítico deste desporto fantástico!

v Técnica:

- Antes de mais, a técnica de recepção é mental... exige muita concentração! Devemos olhar sempre a bola... concentrarmo-nos nela e não no adversário! Olhar para a parte inferior da bola e realizar o deslocamento enquanto lemos a trajectória na sua fase ascendente porque na descendente já estamos a receber!

- A auto-confiança é fundamental... começar a receber bem serviços fáceis e depois progredir para recepções a serviços cada vez mais duros e com critérios de êxito mais exigentes;

- Manter os antebraços unidos, tanto quanto possível e com o máximo de tonicidade;

- Unir mãos e pulsos de um modo que nos permita assegurar uma melhor formação de uma plataforma para efectuar a recepção (junção antebraços);

- Assegurar o facto dos polegares estarem unidos e orientados para baixo;

v Cercar a bola com o corpo (é o ponto mais importante porque nos permite um maior controlo sobre a mesma) e antebraços entre os apoios. A técnica de recepção não é muito significativa... a aproximação é!

- Muitas das vezes o tempo de reacção não nos permite cumprir os dois últimos pontos acima descritos... sendo assim, devemos assegurar pelo menos a união dos antebraços e a orientação da plataforma para dentro do campo!

- O enrolar dos ombros ajuda a união dos antebraços!

- Antes de receber é necessário sabermo-nos deslocar de e para qualquer direcção de forma rápida e eficiente (sem dispêndio de muita energia...isso também se treina)! Temos que aprender a conhecermo-nos a nós mesmas e ver como nos deslocamos melhor e como será a nossa posição mais cómoda para receber!

- Para estarmos predispostas ao deslocamento rápido e eficaz, necessitamos de manter uma posição relativamente baixa!

- Estratégia:

- Cuidado com a altura da recepção quando há vento...

- Alvo da recepção: mais ou menos para 1,5m da rede e para o meio desta;

- Na recepção, o jogador da diagonal normalmente ocupa o centro do campo, uma vez que o jogador da paralela tem que estar preparado para o serviço à linha; a trajectória da bola percorre menor distância e por isso fica em crise de tempo.

- Todo o ênfase que se dá à comunicação entre as jogadoras é pouco! É imperativo em todos os momentos de jogo, essencialmente, neste! Decidir quem vai às bolas do meio!


3 – DISTRIBUIÇÃO

- A distribuição parece fácil, mas é um dos procedimentos mais difíceis de realizar!

- Técnica:

- Envolver a bola com os dedos todos, apontando os polegares para a testa;

- A bola nunca deverá entrar em contacto com as palmas das mãos e os dedos deverão seguir a direcção da bola;

- A distribuição em manchete faz-se com os antebraços paralelos ao solo já que se pretende que a bola suba e os pulsos podem ajudar a controlar a trajectória; é uma técnica muito utilizada já que se o passe não for “limpo” é falta!

- Estratégia:

- Dado que não há outro elemento em campo... só podemos passar para a nossa companheira (não é necessário enganar o adversário)! Assim, teremos como objectivo distribuir a bola o melhor possível, que é, definitivamente, o tipo de bola que a nossa parceira prefere!

- A maioria das distribuições fazem-se a 2,5m de altura, por cima da distribuidora! A proximidade à rede depende das características quer da atacante quer da blocadora que está do outro lado da rede!

- Mais uma vez, a comunicação é fundamental... se a bola é recebida para outra zona, quem ataca deverá gritar onde quer a bola. Ex: “alta no centro!”

- Ter sempre em conta o vento e o seu efeito na trajectória da bola!

- Regras de ouro:

- Verificar qual o tipo e zona de distribuição preferidas por cada uma de nós!

- Ter sempre em conta quem se encontra a blocar do outro lado!

- Deslocar-se rápido para se colocar debaixo e por detrás da bola, orientando-se para o local de reenvio!

- Falar quando uma bola sai fora da zona habitual de distribuição;

- Ter presente o vento e o seu efeito.


4 – ATAQUE

- Kiraly, excelente jogador de praia norte-americano começou a jogar aos 9 anos contra rapazes de 11 e aos 13 já jogava contra adultos... uma vez que não chegava à rede, treinou muito o encaixe e controlo de bola no gesto de remate... acabou por brincar com o adversário, só colocando a bola nos quatro cantos do campo! Esses 4 anos de jogo precoce proporcionaram-lhe o desenvolvimento de uma táctica a qual denominou “ofensiva dos quatro cantos”. Uma boa jogadora de praia tem que saber atacar para os 4 cantos, de qualquer zona!

- Técnica:

- O ataque requer 3 elementos básicos:

- Aproximação: permite-nos transformar a inércia horizontal em vertical... salto! Na praia a aproximação serão tantos passos quantos necessários para chegar ao local onde vou atacar, alinhando já o corpo com a bola, dependendo do local para onde quero atacar. Após essa aproximação, realizar uma chamada explosiva (direito, esquerdo... já que somos destras); dois passos quase em simultâneo! O movimento dos membros superiores (puxada de trás para a frente e para cima) é fundamental e a flexão dos membros inferiores é um pouco superior à do pavilhão, mais ou menos 90º, (tudo isto para conseguirmos o máximo de impulsão).

- Salto: se estamos na areia o salto não pode ser amplo, mas sim o mais vertical possível. Os dois membros superiores sobem e no ponto mais alto faz-se a puxada do membro dominante... ficamos numa posição que parece a postura do tiro com arco.

- Contacto: a bola deve ser contactada no ponto mais alto, com o membro completamente estendido, abrindo bem os dedos e contactando a bola com todos os dedos.

- Na praia, os ataques na diagonal são mais importantes do que no pavilhão porque é fundamental a zona onde a mão entra em contacto com a bola. Uma boa regra a ter em conta para controlar a direcção da bola é imaginá-la como um relógio...se queremos rematar na paralela, a zona de contacto é nas 12, em ponto! Para a enviar para a direita, golpeá-la do lado esquerdo, nas 10 ou 11, em ponto! Para a esquerda, às 13 ou 14, em ponto!

- A chave para um ataque eficaz consiste em dissimulá-lo até ao último momento (ou seja, não dar pistas ao adversário daquilo que vamos fazer). No entanto, independentemente daquilo que vamos fazer, a chamada e o gesto de ataque devem ser realizados como se fosse para “matar”... após isso é que podemos decidir atacar por colocação (enrolar o remate ou utilizar o amortie da praia, utilizando os cotos ou pontas dos dedos).

- Estratégia:

- O jogo de praia é muito exigente... temos que cometer o menor número de erros possível. Assim a primeira regra é: colocar o ataque dentro dos limites do campo! Não devemos ser nós a dar pontos... o adversário que sue para os conquistar!

- Quando estamos em apuros (não saber para onde atacar e a bola não está boa para rematar forte), jogar sempre a bola no meio/fundo.

- Em primeiro lugar, temos que nos preocupar com a nossa forma de rematar, só depois com a blocadora. O blocador indica sempre a zona que vai cobrir e a defesa espera sempre, no enfiamento do bloco e só no último momento é que se desloca para a outra zona... isto é muito difícil... exige muito tempo de treino para estabilizar o timing, mas, mais uma vez a comunicação de quem distribuiu torna-se fundamental!

- O ataque é um jogo de comunicação com a nossa parceira e contra-comunicação com as adversárias!

- Regras de ouro:

- Rematar sempre para dentro dos limites do campo adversário;

- Realizar sempre uma aproximação que nos permita realizar um salto para “matar”, encobrindo as colocações até ao último momento;

- Dominar a “ofensiva dos quatro cantos”;

- Ouvir as indicações da distribuidora acerca do local vazio;

- Ter em conta o movimento da blocadora e a colocação das suas mãos.


5 – BLOCO

- Geralmente, bloca quem não serve... No entanto, as jogadoras brasileiras, foram implementando cada vez mais a especificidade bloco/ defesa baixa, tirando partido das características de cada uma das jogadoras!

- Técnica:

- Se é a minha colega que está a servir, devo observar atentamente para onde se dirige o serviço e colocar-me à frente da atacante... observar a distribuição e seguir a bola.

- Embora a técnica de bloco seja construída pela própria jogadora (melhor forma de ser eficaz), geralmente, na posição de bloco, as mãos devem estar mais ou menos à altura da cabeça e o tronco a 30/40cm da rede (se estiver muito junto à rede, corre o risco de fazer falta; se estiver longe da mesma corre o risco da bola ficar entre esta e o corpo).

- Com os joelhos flectidos e os pés afastados à largura dos ombros, observar a bola, trajectória do adversário (dá-nos indicações do tipo de ataque que vai realizar) e focar novamente o olhar na bola. Todas as atacantes têm tendências... há que estudá-las!

- Realizar o agachamento para saltar o máximo e elevar os membros superiores à maior altura possível. Na maioria dos casos, deve-se saltar um pouco depois da atacante... quanto mais longe está a atacante da rede, mais tarde se deve saltar.

- Depois, concentrar-se no ombro da atacante.

- O movimento de bloco deve resultar de uma extensão uniforme dos ombros, tanto para cima como para a frente, projectando as mãos por cima e invadindo o outro lado da rede! Se se cobre a paralela, colocamos as mãos mesmo em frente ao ataque. Se se cobre a diagonal, colocamos as mãos uns quantos centímetros para o interior do campo, mas invadindo mais!

- Manter os olhos bem abertos enquanto se bloca!

- As mãos estão separadas o suficiente para não deixar passar a bola por entre as mesmas...dedos bem abertos, estendidos e firmes, com palmas das mãos orientadas para baixo e para o interior do campo.

- Estratégia:

- A estratégia básica do bloco consiste em anular a zona favorita de ataque da adversária. No entanto, outras poderão ser definidas.

- A comunicação com a colega da defesa baixa é fundamental. Geralmente, dá-se a informação pelos gestos das mãos/dedos (Exemplos: um 2 quando marca a diagonal, um 1 quando marca a paralela, punho cerrado quando bloca a bola e mão aberta quando sai do bloco. A mão direita refere-se à jogadora da saída e a esquerda à de entrada... quando prefere serviço para saída, realiza um movimento contínuo de flexão e extensão dos dedos da mão esquerda e para a entrada com a direita!).

- Nota importante: não devemos blocar todos os ataques, devemo-nos poupar fisicamente...é preferível economizar energia para servir em suspensão, por exemplo... consoante o adversário e o decurso do jogo, temos que gerir isso da melhor forma!

- O bloco na praia conta como toque de equipa!



- Regras de ouro:

- Observar a distribuição, a aproximação da atacante e, depois, o seu ombro;

- Estar consciente do lugar que a nossa mão ocupa;

- Invadir tanto quanto possível;

- Há momentos em que o bloco apenas serve para desviar a bola;

- Estudar e conhecer as tendências das atacantes;

- Comunicar e cumprir a estratégia de defesa definida!


5 – DEFESA BAIXA

- NUNCA DESISTIR DA BOLA ENQUANTO ESTA ESTÁ NO AR! Os grandes defensores estão sempre convencidos de que podem sempre interceptar uma bola, não importa onde!

- A sorte é um factor do jogo e, muitas bolas recuperadas, mesmo em último recurso e de forma muito estranha, passam para o outro lado e dão-nos ponto ou obrigam o adversário a errar!

- A defesa baixa, quando há bloco, está muito condicionada pelo mesmo. No entanto, a defesa, no voleibol de praia é uma técnica que não pode ser exposta em termos concretos...é mais um arte que uma ciência, pelo número de variáveis que implica!J A chave reside em chegar à bola a todo o custo para, depois, a golpear! Se formos suficientemente rápidas, teremos sempre o corpo a cercar a bola, facilitando a nossa acção!

- Técnica:

- A posição inicial é muito importante... deve ser tal que nos permita deslocar o mais rápido e eficientemente em qualquer direcção. Geralmente, partimos com membros inferiores flectidos (um ligeiramente à frente do outro) e pés afastados, um pouco mais que a largura dos ombros.

- Separar bem os braços e as mãos.

- Na defesa de remates potentes, deveremos juntar os braços ao tronco de forma a absorver a velocidade e ao mesmo tempo com os antebraços voltados para cima (defesa em J), fazendo a bola subir para o meio do campo.

- Muitas das vezes , uma jogadora tem que se lançar 3m em prancha para manter a bola em jogo!

- A arte de uma boa defesa exige, antes de mais, uma boa leitura de jogo e da atacante para se estar bem colocada, antecipando a acção da mesma!

- Estratégia:

- Estudo, disciplina e paciência são os fundamentos de uma boa defesa!

- Devemos conhecer as tendências das nossas adversárias, disciplina para cumprir o combinado com a nossa companheira e criatividade para nos adaptarmos às variabilidades do jogo!

- Regras de ouro:

- Estar preparada para se movimentar em qualquer direcção;

- Manter a bola do nosso lado e com uma altura de, mais ou menos, 3m.

- Observação e antecipação à atacante;

- Ir a todas as bolas, mesmo às impossíveis!


6 – TRABALHO FÍSICO

- Flexibilidade

- Força resistente (numa fase inicial)

- Potência e Pliometria

- Velocidade e agilidade

- Resistência


7 – COMPANHEIRA

- Química: evidentemente, a química entre duas jogadoras é difícil determinar até que as mesmas compitam em situação oficial!

- O facto de duas pessoas se darem bem fora de campo não quer dizer que se passe o mesmo em jogo... a competição revela o verdadeiro carácter da pessoa e, às vezes, um simples olhar (chamado olhar assassino) pode causar uma baixa de rendimento e posterior desintegração da dupla. No entanto, há duplas que gritam uma com a outra e entendem-se perfeitamente assim! Ou seja, a comunicação dentro e fora de campo é fundamental para ambas saberem como a dupla poderá dar o seu máximo rendimento! Vão existir sempre momentos difíceis... saber ultrapassá-los unidas é a grande base da relação!

- O respeito mútuo pelos hábitos de vida, qualidades e capacidades de ambas as jogadoras e a comunicação parecem ser fundamentais para se conseguir ganhar!

- Há formas de fortalecer a química entre duas jogadoras em campo e também há factores que proporcionam as sua destruição... É fundamental encontrar uma pessoa com a qual consigamos comunicar muito bem e na qual sintamos que há uma boa química!

- Apesar de existirem zonas específicas de actuação, devemos procurar saber jogar em ambas as posições!

- A paciência é fundamental... as pessoas demoram a adaptar-se dentro e fora de jogo!


8 – COMPETIÇÃO

- A competição dá-nos a possibilidade de experimentar e viver sentimentos raros e especiais.

- Planear a época é fundamental;

- Jogo mental; é natural e, inclusivamente, proveitoso, sentirmos um certo nervosismo antes do jogo... a chave consiste na nossa capacidade de controlar essa ansiedade, permitindo-nos jogar ao nosso melhor nível!

- Comer e descansar bem; muitos hidratos de carbono, muita água (não só para uma boa hidratação, mas porque a ingestão de muitos hidratos de carbono também assim o exige). Na noite anterior ao torneio aconselha-se massa com frango ou peixe, uma salada e muitos líquidos (mas... cuidado, não exagerar... não queremos passar a noite a ir à casa de banho). Pela manhã, cereais (farinha de aveia) e fruta fresca. Durante a competição, muitos líquidos que reponham os electrólitos.

- Preparação antes do jogo e concentração em campo.