DEPOIS DO JOGO: A arte de saber comunicar e as tribos do nosso voleibol

quinta-feira, 4 de abril de 2013

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Tempo de criar relações? Como poderia a FPV inovar e mudar o modo como comunica.
Os jogadores, treinadores e gestores gostam de informações simples e claras, perguntas e respostas. Torna o voleibol mais compreensível e deixa-nos planeá-lo. Mas tudo é complexo. E levanta-se a questão mais básica, “quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?”, no nosso caso a resposta é simples primeiro nasceu o voleibol e depois a FPV.

Na minha opinião é função dos jogadores, treinadores e gestores trabalhar para manter a simplicidade e compreensão de modo a conseguir evoluir, mas neste momento os exageros são grandes e o maior deles é a falta de voz de todos os que fazem com que o voleibol exista (para quem não sabe a FPV pode alterar regulamentos sem ter de ouvir as associações). O voleibol desenvolveu-se, adaptou-se e inventaram-se novas coisas. A própria (r)evolução do voleibol tornou-o em parte incompreensível por quem não é do meio.

Só de tempos a tempos, temos oportunidades de tornar a linguagem do voleibol mais acessível, são pequenos eventos provocam avalanches como por exemplo Miguel Maia e João Brenha, dois atletas movimentaram e chamaram novos atletas para uma nova modalidade e em vez de se aproveitar o ímpeto travou-se usando um muro ao tratar este desporto como um passatempo de Verão para os atletas de pavilhão. Mas o voleibol tem outros pequenos eventos que provocam avalanches e fazem com que os grandes fãs de voleibol sejam os próprios atletas porque são os únicos que conseguem acompanhar as mudanças nas regras e discernir as nuances de uma e outra falta.

Ninguém consegue indicar muito bem como é que o voleibol é dos desportos mais praticados em Portugal. Existem muitas famílias e tribos de voleibol em Portugal que se desenvolvem em locais como: Cacém, Tomar, Moura, Setúbal, Viseu, Lousã, Albufeira, Portimão e tantos outros que sazonalmente têm o seu momento de voleibol e que apesar de não terem clubes de primeira divisão e em alguns casos têm uma equipa continuam ano após ano a repetir os seus torneios e o incrível é que sempre cresceram por causa dos atletas nunca por causa da FPV, mas de repente e sem que tenha feito nada para que estas tribos evoluíssem surgem com um conhecimento superior e colocam estas pessoas num patamar de baixa evolução que têm de ser evangelizadas para aprender a voleibolizar pagando um dizimo à santa FPV.

De um ponto de vista sociocultural e económico a FPV não está a fazer mais do que a reflectir o desgoverno do nosso Portugal. O modo como impõe a rankerizaçãodo voleibol juvenil contra as vozes principalmente sulistas mostra bem a forte postura ditatorial e snobe dos seus dirigentes de filosofia “pagam e não bufam! Este é o nosso voleibol e se não querem fazer parte dele… desistam” ou imigrem.

O Voleibol é também a comunicação entre as pessoas
O desenvolvimento do voleibol (e de outros desportos) é o resultado de muitas coisas particulares e os seus resultados são diferentes de pessoa para pessoa. Eu vim para o voleibol através do meu amigo João Carvalho depois de ter abandonado o futebol no Vitória onde fui guarda-redes até 1996, mantenho-me no Voleibol por causa das novas amizades e reconheço que também por causa de algumas frases: saudoso Miguel Brun “não liga a esses babacas não - atletas seniores - no final pago uma mini pra vocês” ou o Tileu “tu vais ser o meu sucessor hehehe”. No voleibol aprendemos a tolerar muitas coisas e no meu caso sobretudo aprendi a comunicar ouvindo (principalmente) e a dar valor à persistência.

Passar tarefas a um atleta para que ele as execute em campo é uma simples cooperação entre pessoas e esta cooperação deve ser uma rede que saiba diferenciar os diferentes níveis de hierarquia no campo e fora dele, assim todos no voleibol são mais do que jogadores são também responsáveis morais. Os atletas são reconhecidos pelo seu valor moral e são tidos como capazes de chegar mais longe, alto e mais fortes a qualquer lado. É tarefa dos atletas serem mais transversalmente no seu meio e dai juntamente com a minha tribo termos criado o CVP com valores sociais e ecológicos sobretudo.

O Voleibol deveria trazer democracia à comunicação
Voltamos a ter uma FPV que pretende guardar o poder administrativo/regulamentar e geri-lo de modo estatutário, debate-se para manter o poder. O controlo que faz dos meios de comunicação é anedótico e galhofeiro com concursos de vídeo, fotografia e de jogos de adivinhas. Este é um tipo de comunicação que entretém mas nada acrescenta ao voleibol. As comunicações ocorram elas através de comentários, relatórios ou informações oficiais sejam estas endereçadas para o correio electrónico, fax, caixa postal ou para o facebook por atletas, treinadores e gestores são muitas vezes censuradas, ignoradas, menosprezadas, apagadas, sobretudo sem o direito de resposta. A FPV travou a democratização da comunicação, travou o escrutínio dos seus agentes.

Hoje somos praticamente 40.000 voleibolistas e a quantidade de informação deveria ser massiva, deveria ser viva, deveria ser incentivada e valorizada. Mas esta tornou-se o monopólio da FPV e por incrível que pareça com mais ou menos dificuldade consegue travar ideias. Somos tratados não mais do que como: chapas de táctica, um par de mãos, um apito ou um cheque endereçado. O problema é que nos pavilhões e na praia quem age são pessoas que comunicam e a sua comunicação excede as barreiras do controlo federativo… AZAR!

Ruptura – Voleibol de comunicação
A sorte é que os voleibolistas são superiores à FPV mas todos estamos no meio desta trapalhada de comunicações travestidas acerca de como funcionam as selecções nacionais e o modo como é idealizada, de cartões de seguros que servem para o cão, gato, hamster e para o voleibolista. O voleibol faz parte da vida de muitos jovens e é daqui que alguns retiraram valores para a sua vida e geralmente este valores são transmitidos pelos treinadores/clube e termina aí, porque a comunicação deles com o que está acima deles é nula.

Qual a estratégia da FPV para unir as tribos? Os clubes? As pessoas?
Comunicação, rompam com o controlo da comunicação. Aproximem-se da realidade, podem manter os concursos e passatempos, mas aproximem-se mais das pessoas.

Informação a rodos
Todos parecem comunicar e todos parecem consegui-lo e outros julgam saber estar a comunicar quando no fim apenas estão a informar.

António Malveiro, depois do jogo
maisvoleibol 2013

10 comentários:

Ricardo Machado disse...

Não sou um seguidor do voleibol, admito. Gosto de ver, de vez em quando, pela velocidade imprimida, pela incerteza dos resultados, por ser, em resumo, emocionante. Um pouco como o futsal. Mas tenho uma opinião, em relação à comunicação e à comunicação da federação portuguesa de voleibol. A comunicação é a minha profissão, vejo-a como uma arte e, a que aqui foi escrita, peca em muitos pontos. Em poucas palavras, é de compreensão difícil, de trato descuidado, possui erros de sintaxe e gralhas, logo é ineficaz. Não é uma crítica destrutiva, apenas um reparo.
Quanto à federação de volei, sou seguidor da página, da mesma forma que sou seguidor da federação portuguesa de futebol. Nada tenho a apontar à comunicação efetuada. Prende os seus seguidores com jogos e traz mais interessados. Faz com que, se seguirmos os enigmas, as adivinhas, as brincadeiras, se quiserem, procuremos mais acerca da modalidade e da sua história. Recebo, todas as semanas, a newsletter, com informação dos campeonatos nacionais, bem como da prestação de jogadores portugueses no estrangeiro e sei do esforço para divulgar as competições e seleções nacionais no estrangeiro. Há também uma preocupação com a divulgação de resultados femininos (coisa que não vemos no futebol) e dos jovens nacionais, bem como de programas escolares e outras atividades paralelas, como é o caso do volei de praia.
Agora, a federação não pode comunicar tudo, tal como a de futebol não pode, nem a de hóquei, ou as outras. Cabe, também, a sites como o vosso, às associações locais e, quem sabe, aos clubes, fazerem parte desse trabalho.
Lamento, mas este texto parece saído de alguma quezília pessoal contra a federação e de uma espécie de tentativa de culpabilização dos órgãos dirigentes do desporto. E nada tem a ver com comunicação.

Tôni disse...

Muito Obrigado pela sua intervenção

De facto tenho uma quezilia que é mais do que pessoal mas poucos dão a cara contra os regimes totalitários.

A informação na FPV tem um unico sentido. Talvez desconheça mas esta instituição não necessitada de consultar associações e clubes para alterar regulamentos sejam eles quais foram.

Sabe que hoje um atleta pode ser castigado até 20 jogos de suspensão em pavilhão por participar num torneio de voleibol de praia aberto à população? E sim este torneio pode ser apenas para ocupar o tempo livre nas férias...

Este regulamento foi feito e aprovado sem ouvir ninguém, associações, clubes e atletas. Será isto comunicar? ou será isto informar?

O actual regulamento para as competições dos escalões de formação? pesquise e veja qual a posição de clubes de peso como a Lusófuna e Belenenses ou de outro com boas provas dadas como o Alverca. Este tipo de posições são abafadas e ignoradas (não merecem resposta por parte da FPV).

Eu por exemplo foi convocado numa sexta feira às 17h50 para me deslocar para um inquerito na segunda-feira seguinte no Porto (sou de Setúbal) para apurar uma alegada participação num torneio de voleibol de praia. Respondi solicitando um novo agendamento pois não tinha tempo de contactar o meu advogado nem como organizar uma viagem ao Porto em tão pouco tempo (sou de Setúbal) até hoje não tenho resposta e já passaram quase 8meses... sem qualquer comunicação.

ffidalgo disse...

Não há nada melhor que um comentário de quem não está por dentro das tricas pessoais...
Excelente analise do Ricardo Machado!
F. Fidalgo

Tôni disse...

Muito Obrigado pela sua participação Professor Fidalgo, muito me apraz.

Sabe o que certo dia um atleta me escreveu, vou passar a fazer o copy e paste do e-mail:

"li , hoje no Record e só tenho uma opinião; façam o que têm que fazer camuflando o que for possível. A Federação não faz nem deixa fazer, demite-se da sua responsabilidade e por esse facto não tem moral para agir desta forma. Continuem. Abraço. “, atleta ex-internacional pelas nossas selecções indoor e de praia

Julgo que o Professor tem sentido muitas vezes que junto com os seus atletas remem, não contra, mas sozinhos nesta modalidade.

Admiro o seu trabalho e desejo que continue a melhorar como é seu apanagio.

Cumprimentos,
Malveiro

Paulo Pinho disse...

Descansa Malveiro... A conversa já cheira mal! E essa ideia de uma Federação de Voleibol de Praia é um pouco totalitária também!

Unknown disse...

"Não sou um seguidor do voleibol, admito. Gosto de ver, de vez em quando"
Ao contrário deste senhor outros seguem o Voleibol dia a dia semana a semana, outros têm a sua ligação à instituição e ficaria muito mal escrever palavras que ofendessem os “SENHORES”
São estes que por vezes se insurgem contra, e como diz e bem, "os regimes totalitários” subentende-se que “regimes” seja a FPV.
Quando li pela primeira vez a sua crónica, estive quase e só para escrever “PARABENS”.
No entanto hoje e depois de ler aquilo que foi escrito, vejo-me também na obrigação de dizer algo mais.
É possível que o titulo desta crónica não seja o mais adequado, e no meu entender deveria ser “ O problema do Voleibol II” não é mais do que a continuação do que escreve nesta outra crónica.
O que magoa mesmo e por vezes não é a falta de comunicação, mas sim a arrogância com que certos senhores gerem esta instituição. O desprezo que têm por quem trabalha dia a dia com os ou as atletas, o esforço destes todos para manter o voleibol como a segunda modalidade mais praticada em Portugal.
Com ou sem qualidade é o trabalho destes que são a razão de existir uma instituição chamada de FPV.
Não é a instituição FPV que deve ser atacada mas sim quem a gere, que por vezes é mal aconselhado.
Mais uma vez quero dar os “PARABENS” por esta e outras crónicas, era bom que houvesse mais gente a falar, lamentavelmente outros se calaram, cansaram-se de lutar contra a maré.

Tôni disse...

Caro Paulo Pinho,
Não falei em qualquer federação de voleibol de praia.

Ainda assim agradeço o tempo e a preocupação com a minha força animica. Descansarei, quando com a minha condição de Federado em Voleibol tiver direito a ter voz para a aprovação de regulamentos.

Acredita que eu não me importava de ser sansionado com 20 jogos de suspensão em pavilhão por jogar voleibol de praia se esta tivesse sido uma escolha feita pelo atletas, por quem joga, e não por meia duzia de senhores à volta de uma secretária que não se dignam sequer a ouvir as associações para deliberarem a alteração de regulamentos.

Cumprimentos,
António Malveiro

Tôni disse...

Caro Carlos Louro,

Muito obrigado pelo seu apoio e concordo com titulo: “O problema do Voleibol II”.

Continuarei a escrever acerca do que se fala nos pavilhões e nas praias e que muitos não falam não por não faltar coragem mas porque sabem que as suas preocupações não terão resposta a não ser que sejam acompanhadas de um cheque.

Basta dizer que fui "afastado" da AVL porque no facebook implico muito com a FPV, não será essa a verdadeira função de uma associação? incomudar com as suas preocupações? ou será função de uma associação agitar a cabeça e dizer que sim?

É por se fingir que está tudo bem que temos 40000 praticantes e equipas séniores quase em extinção, não estamos bem e temos de gritar que não estamos bem!

Cumprimentos,
António Malveiro

luciano disse...

Salve a Todos! Concordo com o texto.
"Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."

luciano disse...

Perguntas sem respostas:(voleibol de praia)luciano para FPV

Qual o regulamento? vá a pagina da FPV, tecla em voleibol de praia, lá encontrará as informações necessárias!
Boas! Agora ha uma pagina directa para voleibol de praia. Minhas dúvidas continuam!
Colocaram datas muitas: à confirmar! Ual, como tantas atletas, árbitros, dirigentes e outros podem confirmar um compromisso à confirmar???? A menos de um mes para os eventos! E se aparecer um outro compromisso?
Teclei em: duplas+documentos oficiais da competição, desta vez uma novidade, algo bem diferente: regulamento(brevemente); condições especificas(brevemente) inscrição(brevemente)formulário de inscrição(brevemente)
Então um atleta que vai se arriscar no voleibol de praia, com tantas promessas, o que este atleta pode apresentar a um patrocinador? Olha tenho aqui uma brevidade de calendário brevemente eu confirmo estes eventos! Lógicamente que brevemente ele nada conseguirá.
Brevemente ele ja desistiu antes de começar...
Mas vamos mudar um pouco! Brevemente!

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