Manuel Baptista Ndere, conhecido no mundo do voleibol por Manuelito é o treinador da equipa sénior dos Maputo Jets / FPLM.
Apesar dos seus jovens 44 anos de idade, Manuelito carrega já imensas aventuras e desventuras todas elas vividas ao serviço do voleibol moçambicano.
Abordado pelo MAISVOLEIBOL / INVOLEIBOL para a realização de uma entrevista à volta da sua carreira e discussão de ideias para o futuro do voleibol em Moçambique, prontamente acedeu ao nosso convite, tendo o nosso trabalho resultado numa interessante entrevista.
Apesar dos seus jovens 44 anos de idade, Manuelito carrega já imensas aventuras e desventuras todas elas vividas ao serviço do voleibol moçambicano.
Abordado pelo MAISVOLEIBOL / INVOLEIBOL para a realização de uma entrevista à volta da sua carreira e discussão de ideias para o futuro do voleibol em Moçambique, prontamente acedeu ao nosso convite, tendo o nosso trabalho resultado numa interessante entrevista.
ENTRADA NO MUNDO DO VOLEIBOL
Entrei no voleibol em 1980, na condição de estudante na Escola Secundária Heróis Moçambicanos de Moatize em Tete, fazia no momento a 5ª Classe, com a instrução do Professor Tenente. Continuei a jogar no Colégio Militar da Ilha de Moçambique em Nampula(1983) e não era no voleibol competitivo.
O voleibol Competitivo ou Federado comecei no 1º ano do INEF (1985), convidado pelo Professor de Vólei Steytle (Betinho). Depois do teste de admissão, fui convidado para jogar no Clube Costa do Sol, no escalão de Juniores, onde joguei de 1985 à 1987. Joguei também na selecção do INEF, nos Jogos do Ensino Médio Superior, onde fomos Campeões.
Depois fui jogar para o Matchedje em 1988 uma única época, em 1989 voltei para o Costa do Sol e não chegamos ao término da época por problemas organizacionais e depois o Costa do Sol fechou o Departamento de voleibol.
Voltei a retomar o voleibol em 1990 jogando para o Centro Atlético da Conseng, onde fomos Campeões Nacionais.
De 1986-1996, sempre estive a jogar futebol e conciliava sempre com o voleibol. Em 1996 joguei no Matchedje e de 1989 à 1996 pela equipa da Central na Segunda Divisão.
NOS MAPUTO JETS / FPLM
De 1991 até hoje, represento os Maputo Jets/FPLM. Até 1998, tanto na Conseng como na Maputo Jets desempenhava duas Funções: Atleta e Preparador Físico. De 1999 em diante, assumo o cargo de Treinador Principal das equipas dos Maputo Jets/FPLM e paro de jogar.
Quando comecei como treinador, fizemos uma fusão dos atletas resistentes da Antiga Jets constituída pelos fundadores e da Geração da Continuidade.
Os primeiros que assegurei foram: o Manuel Nhambi, Luís do Rosário, Reginaldo Zitha, Dúlce Cavene, Raquel Manguele, Adelina Clara (Rainha), Lúcia Cossa, Adélia Alfeane, Sérgio Mazive e outros.
OS PROBLEMAS / DIFICULDADES ENCONTRADOS (AS)
Encontramos problemas financeiros para o sustento do clube, para a aquisição do equipamento e material desportivo, tendo por isso ficado muito tempo sem participar nos Campeonatos Nacionais.
Outro factor é o facto de a maioria ser da Zona Suburbana, por isso, era muito difícil manter os alunos no treino porque no meio do treino eram chamados pelos pais. Mas, o principal problema com a zona é que os Moços se sentiam atrapalhados com a nossa presença no campo, porque era meio estranho para eles a prática da nossa modalidade, uns atiravam garrafas para o campo, de forma a abandonarmos o campo para eles jogarem futebol, com isso, tivemos que adoptar uma estratégia de levar os miúdos da zona para treinarem como forma de sensibilização à aceitação da modalidade e da nossa presença.
Outro problema era o da Catequese aos sábados, que eram os dias de jogo e nem sempre tínhamos o pessoal suficiente.
Na parte técnica, houve dificuldades do aumento do conhecimento porque o conhecimento que eu tinha era padrão, era preciso ter novas coisas, e frequentar cursos, mas, os cursos que existiam eram para iniciação e não havia para o nível superior em que estávamos, só havia formação de Voleibol de Praia. E para obter estes conhecimentos recorria às experiência dos Jogos e fui montando até hoje.
Como treinador, tive dificuldades com a falta de adjunto, porque eram muitas equipas para mim só, tinha que orientar as 6 equipas e levava emoções de um jogo para o outro porque orientava jogos seguidos.
Para me virar treinador que sou, foi graças ao Nyong Abbia – Bassey, que era treinador da Conseng e Maputo Jets (Treinador-Atleta), que trabalhei com ele desde a Conseng (1990) até 1997.
AS CONQUISTAS
Ganhamos todas as provas que a associação organizou em 1991 (primeiro ano), Torneio da Abertura, Taça da Cidade e Campeonato da Cidade.
Fomos Campeões Nacionais em masculinos e femininos, desde que surgiu a Jets até 1997 e perdemos a hegemonia para a Académica e Oftal.
De 1999 para cá, sempre estivemos no pódio em todos os escalões e provas na nova geração, fomos 3º Classificados em Chimoio (2004) - o primeiro Campeonato Nacional que Participamos, Quelimane (2009). Fomos Vice-Campeões em Maputo-2001 e Quelimane-2009.
A Nível Internacional tivemos a Primeira medalha em 1996 em Botswana na Liga dos Campeões da Zona VI, onde fomos Vice-Campeões.
A nível dos Jogos Escolares, já fui Campeão da Cidade vária vezes, pela Escola Primária Avenida das FPLM em todos os escalões em masculinos e femininos. Também fui Campeão Nacional duas vezes em Inhambane-2005 e Quelimane-2007, duas vezes medalha de bronze em Niassa 2009 e Província de Maputo-2011, sempre pela Cidade de Maputo.
Como treinador, fui também Campeão da UniversÍadas de 1999, realizadas em Maputo.
Já ganhei Diploma de Mérito pela Direcção da Escola e uma Taça pela Equipa de Futsal da Avenida das FPLM. Tive também alguns diplomas de mérito pela Associação de Voleibol da Cidade de Maputo (AVCM), e o momento mais alto foi a atribuição de uma Mota pela AVCM, pelo desempenho dado ao voleibol.
NUMERO DE TAÇAS
Não posso precisar o número, mas, acima de 50 taças já conquistei, sem contar com as taças de 1991-1998, sem contar também com as taças que oferecemos aos atletas mais antigos que premiamos, juntando com as dos Jogos Escolares de 1991-1995 e alguns certificados. Também oferecemos taças às pessoas que nos ajudam nos momentos de crise, nomeadamente: o Mister Khalid com o apoio material e psicológico, Paulino Pires, Fernando Pires, Alfredo Cubai, a Direcção da Escola Primária Av. Das FPLM que nos cede o campo e lugar para colocarmos o nosso material. Há outros que dão força para não desistir: Mister Itai, Hermenegildo Mussanhane e Mangaze (Beira) Ex-Xiveve, pois já cheguei na fase de querer desistir do voleibol e sempre me deram forças, pena que não tiveram nada da Jets como incentivo.
A MOTIVAÇÃO PARA CONTINUAR NO VOLEIBOL
É o carinho dos meus atletas que me mantém no Voleibol. O que mais me mantém no voleibol, é a entrega e o carinho que os atletas dos Maputo Jets me dão, que apesar das dificuldades não deixam a Jets e com isso, eu não tenho coragem de deixar essa equipa que é uma família. As crianças que a cada ano se apresentam para treinarem voleibol e fica difícil abandonar a essa gente. Em suma, o que me mantém no voleibol não é a organização nem outra coisa senão os atletas da Maputo Jets.
A PROVENIÊNCIA DOS FUNDOS DO CLUBE
Os Fundos da Jets saem pela comparticipação dos atletas e do treinador, alguns amigos ajudavam nos Campeonatos Nacionais e por empréstimos que concebia como treinador. Nunca tivemos patrocinador.
Os Fundos da Jets saem pela comparticipação dos atletas e do treinador, alguns amigos ajudavam nos Campeonatos Nacionais e por empréstimos que concebia como treinador. Nunca tivemos patrocinador.
OS SONHOS
O primeiro sonho já foi realizado, quando criamos o clube, o sonho era ficarmos nos 3 lugares cimeiros, isso conseguimos, a nível internacional conseguimos ser Vice-campeões da Zona VI que até agora a nível de Moçambique ninguém bateu o mesmo recorde.
Outro sonho era termos escalões de formação e não só seniores, conseguimos.
Conseguimos tirar os jovens suburbanos dos vícios para jogar voleibol.
Mas actualmente, sonho em termos a nossa sede, onde podemos guardar as taças, o material, que tenha um campo de treino, ter refeitório, ter quartos de estágio nas Sextas-Feiras, ter transporte próprio. Ajudar os atletas da Jets a pagarem as suas despesas escolares como forma de agradecer os encarregados de educação pela disponibilização dos atletas.
Ver os nossos atletas a serem contratados para jogarem fora do país com valores, serem grandes homens e jogarem como referência na disciplina e no desempenho.
Ver o atleta da Jets equipado à custa do clube e não dele mesmo.
Agradeço muito aos atletas que agora percebem que Maputo Jets é cada um de nós, por eles conseguirem identificar os problemas e ajudarem-nos a resolvermos em conjunto e não mais verem a Jets como Mister Manuel.
O primeiro sonho já foi realizado, quando criamos o clube, o sonho era ficarmos nos 3 lugares cimeiros, isso conseguimos, a nível internacional conseguimos ser Vice-campeões da Zona VI que até agora a nível de Moçambique ninguém bateu o mesmo recorde.
Outro sonho era termos escalões de formação e não só seniores, conseguimos.
Conseguimos tirar os jovens suburbanos dos vícios para jogar voleibol.
Mas actualmente, sonho em termos a nossa sede, onde podemos guardar as taças, o material, que tenha um campo de treino, ter refeitório, ter quartos de estágio nas Sextas-Feiras, ter transporte próprio. Ajudar os atletas da Jets a pagarem as suas despesas escolares como forma de agradecer os encarregados de educação pela disponibilização dos atletas.
Ver os nossos atletas a serem contratados para jogarem fora do país com valores, serem grandes homens e jogarem como referência na disciplina e no desempenho.
Ver o atleta da Jets equipado à custa do clube e não dele mesmo.
Agradeço muito aos atletas que agora percebem que Maputo Jets é cada um de nós, por eles conseguirem identificar os problemas e ajudarem-nos a resolvermos em conjunto e não mais verem a Jets como Mister Manuel.
ANÁLISE AO VOLEIBOL
- NÍVEL DA CIDADE (ASSOCIAÇÃO)
Gostaria que o voleibol melhorasse bastante, primeiro ao nível da Cidade de Maputo, gostaria de ver o voleibol a funcionar em duas divisões, para a 2ªDivisão, vão as equipas que se inscrevem pela primeira vez, mais as duas últimas da 1ªDivisão, as duas primeiras da 2ªDivisão sobem para a 1ªDivisão.
Que haja um Ranking dos Clubes a partir dos pontos das suas equipas da associação.
Deve haver encontros ordinários dos treinadores para discutirem aspectos técnicos de treinamento, nem que seja uma vez por mês ou por trimestre e pararmos de discutir esses aspectos na Associação.
- NÍVEL NACIONAL (FEDERAÇÃO) Gostaria que a premiação fosse monetária para compensar os gastos, porque os gastos do clube oscilam de 50 à 60 mil meticais e ganham uma taça de 2 mil meticais, isso não compensa. Ou as equipas devem viajar a custo zero e com alojamento, a alimentação do clube e ganharem a taça de 2 mil meticais.
Gostaria que existissem selecções regionais para se buscarem os melhores atletas para a Selecção Nacional, que haja condições para trazer os atletas das províncias para as Selecções nacionais.
Que mandem técnicos das Selecções para formação no estrangeiro para trabalharem com as selecções.
Que tenham árbitros do Nível Nacional e Internacional.
Que haja aqui também, um Ranking dos Clubes.
Deve actualizar as novas regras a tempo útil.
- NÍVEL GOVERNAMENTAL
Apelo ao Governo que faça o Ranking das modalidades pelas suas prestações e não pela prioridade política. Pela prestação tanto em selecções e em clubes nas competições internacionais.
SIMPATIAS E ADMIRAÇÕES
Tenho admiração por Manuelito de Manica, Mangaze de Sofala, Romão da Zambézia - pelos trabalhos feitos no desenvolvimento do voleibol nestas províncias.
Admiro as modalidades de Hokey em Patins, Artes Marciais - pelas glórias que trazem ao país.
Admiro as modalidades de Hokey em Patins, Artes Marciais - pelas glórias que trazem ao país.
(Agradecimentos ao entrevistado e toda equipa de colaboradores do INVOLEIBOL)
Ler mais entrevistas
. Entrevista a Inácio Bernardo - Director Nacional do Desporto de Moçambique
. Entrevista a duplas da Selecção Angolana
. Entrevista a Camilo Antão, Presidente da Federação Moçambicana de Voleibol
. Entrevista a Arbitro Júlio Leite (Cabo Verde)
3 comentários:
Sim, sim, este é um treinador de verdade....
Abraço a ti Manuelito.
Grande treinador este... é uma pena que as divergências e muita falta de amor ao voley por parte do Sr. Camilo Antão, o tenha afastado das selecções nacionais.
Contudo gostaria de rectificar uma coisa, a nível de clubes da Zona VI, a equipe da académica (ainda que em séniores femininos) é a actual vice campeã, pelo que a Maputo Jet´s não é único clube que alcançou esse feito.
Motor propusor do voleibol Mocambicano, por eles passaram varias geracoes de atletas. Treinador dedicado e que fez do voleibol sua paixao, Maior representande do voelibol nacional, que pena que este guerreiro esta cansado da luta, cansado de ser isolado, por ter idéias firme para desenvolver esta modalidade.
Mocambique precisa muito de voce Manuelito, torcemos por vc , pela jets, clube com maior tradicao e que sobrevive pela sua garra e a des seu Filhos..
Abracos,
Hildeberto Araujo
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